Falcoaria e atividades pró-sociais

Num compromisso com a preservação das características intrínsecas ao Património Imaterial, oficialmente reconhecido pela UNESCO e com o objetivo fundamental de disseminar informação precisa e abrangente ao público, a Associação Portuguesa de Falcoaria (APF) sente a responsabilidade de se referir e esclarecer sobre a relação entre a falcoaria e outras atividades pró-sociais que usam técnicas de falcoaria. 

A falcoaria, tal como definida nos estatutos da APF, consiste na “captura de presas selvagens no seu habitat natural com uma ave de presa treinada para o efeito” (artigo 3.º). Esta definição encontra respaldo na constituição da International Association for Falconry and the Conservation of Birds of Prey (IAF) (artigo 2.1.1) e no reconhecimento como Património Imaterial da Humanidade atribuído pela UNESCO.

Manter e promover e defender a falcoaria nos termos dessa definição é imperativo, uma vez que isto se encontra em linha com toda a sua história e património e simultaneamente lhe confere a legitimidade e proteção da UNESCO, resguardando assim as suas características distintivas.

Reconhecendo as múltiplas facetas pró-sociais das atividades que usam técnicas de falcoaria, bem como o papel que estas técnicas têm: na reabilitação de aves de presa; no controle de espécies problemáticas; na criação de aves de rapina; na educação e conservação, a APF considera que estas aplicações contemporâneas não podem ser confundidas com a arte cinegética da falcoaria. A APF não reconhece estas atividades como falcoaria e não concorda com sua categorização ou publicitação sob essa designação. 

Tendo isto em consideração, encorajamos todas as entidades envolvidas em atividades com aves de presa a adotarem uma postura de seriedade e responsabilidade ao esclarecer o público sobre o que a falcoaria representa, as imposições legais associadas à manutenção de aves de presa em cativeiro e a importância do bem-estar desses animais, considerando suas necessidades específicas.

Acreditamos firmemente que a defesa das características identitárias da falcoaria serve aos interesses de todos os que verdadeiramente se preocupam com esta arte.

A Direção da APF

Março 2024