A falcoaria, reconhecida como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO em Portugal, representa a parceria estabelecida entre o Homem e a ave de presa, visando caçar presas selvagens no seu habitat em completo respeito com o equilíbrio natural, das diversas espécies no seu ecossistema
Esta prática pressupõe uma ave totalmente saudável, livre de stress, em boas condições físicas e psicológicas, que tolere e coopere com o ser humano, possibilitando a realização de atividades naturais como a caça. Esta premissa faz parte de um conjunto mais amplo de recomendações que evoluíram ao longo da história milenar da falcoaria, procurando sempre promover uma parceria saudável e mutuamente benéfica entre o Homem e a ave de presa.
O falcoeiro ou o detentor de aves de presa noutro contexto deve assumir a responsabilidade de proporcionar condições adequadas de alimentação, transporte, alojamento e treino para garantir o “bem-estar” animal. A APF tem desenvolvido ações de sensibilização para informar e capacitar os interessados sobre esses aspetos, recomendando que todos realizem formação específica para a manutenção apropriada desses animais.
A APF, que não enquadra, nem tutela outras atividades com aves de presa, com exceção da falcoaria, destaca a importância da responsabilidade na manutenção de aves de presa em cativeiro, reforçando que apenas devem ser mantidas aquelas a que seja possível, efetivamente, fornecer os cuidados necessários. Expressa preocupação com situações em que as aves de presa são mantidas em cativeiro para outros fins que não a prática do falcoaria e considera ter autoridade para recomendar que, também nestes casos, a premissa da manutenção de cuidados adequados seja observada.
A associação distancia-se completamente de cenários nos quais as aves de presa são mantidas em condições que não atendem às suas necessidades básicas, seja por desconhecimento, falta de sensibilidade ou negligência. A APF faz um apelo para que as entidades competentes exerçam um controlo sobre situações eventuais de posse irresponsável e mostra-se disponível para colaborar com as mesmas na consensualização de condições mínimas para a posse e manutenção de aves de presa.
Além disso, a APF reitera a necessidade de se refletir sobre a posse desses animais, defendendo que esta deve ser determinada pela existência de formação prévia e adequada dos seus detentores.
A Direção da APF
Março 2024