A manutenção de espaços florestais por vezes pode provocar problemas à reprodução de espécies de aves de rapina.
No passado mês de junho, um dos nossos associados foi contactado por madeireiros que durante uma ação de “limpeza” florestal, inadvertidamente, provocaram a queda de um ninho de Gavião da Europa (Accipiter nisus).
Apesar desta ocorrência, foi possível preservar com vida três ovos (dos seis que compunham a postura). A preocupação dos madeireiros levou-os a contactar um dos nossos associados que, para além de falcoeiro, também é criador de aves de rapina.
Numa ação concertada entre a Associação Portuguesa de Falcoaria (APF) e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), foi possível dar início a um pequeno projeto com objetivo de incubar, criar e libertar estas aves.
Assim, a incubação destas aves foi prontamente iniciada, de forma artificial. Foi acompanhada de forma meticulosa, tendo as crias nascido com sucesso.
Infelizmente, como muitas vezes ocorre em estado selvagem, uma das crias acabou por morrer dias depois. Felizmente, as outras duas crias cresceram de forma adequada. Todo o processo de alimentação foi realizado sem contacto com o Homem para evitar qualquer tipo de “impregnação com o ser humano”.
Por questões de segurança dos indivíduos (os gaviões são aves pequenas e potencialmente frágeis) as aves foram mantidas numa instalação apropriada ao seu desenvolvimento, crescimento e treino do voo.
Após completarem o período de crescimento os gaviões foram libertados no seu habitat natural, junto ao local do antigo ninho, sob presença de técnicos e vigilantes da natureza do ICNF que procederam à anilhagem das mesmas para posterior monitorização.
A libertação ocorreu no dia 8 de agosto de 2022.
A APF congratula-se pelo sucesso desta iniciativa e acredita que a mesma representa o início de uma maior participação da comunidade de falcoeiros, com o uso de recursos e técnicas específicas, em atividades de conservação.
Como em vários outros momentos ao longo da história, a comunidade de falcoeiros dá mais uma vez eco da sua vontade em participar neste tipo de esforços e colocar os conhecimentos e práticas associados à Falcoaria (Património da Humanidade reconhecido pela UNESCO), ao serviço da conservação das aves de rapina.”