Hoje, dia 28 de Janeiro de 2016 cumprem-se 25 anos desde a criação da Associação Portuguesa de Falcoaria. Esta é uma data simbólica para a nossa associação e a altura certa para reflectirmos sobre o nosso passado, presente e lançar desafios para o futuro.
A Falcoaria corporiza e consubstancia o ciclo da vida em cada lance de caça, em cada encontro entre predador e presa. Esta é uma forma de caça distinta de todas as outras, que eleva o Homem a uma relação profunda com a sua ave, com a suas presas naturais e com a Natureza. Além disso, a Falcoaria é uma actividade intimamente relacionada com Portugal, com a nossa História. As suas marcas estão escritas em lendas, cravadas em pedra, cunhadas no metal ou retratadas em imagens sublimes um pouco por todo o país. A Falcoaria é uma prova da criatividade e perícia humana, rica e variada nas suas manifestações culturais mas cuja prática é tolerante e sensível à fragilidade da Natureza. Todos os falcoeiros Portugueses são herdeiros e representantes desse património.
Apesar de todos estes atributos, paradoxalmente, a Falcoaria enfrenta o desafio de conseguir subsistir no nosso tempo. A perda de biodiversidade e de espaços naturais, a globalização e o afastamento entre o Homem e a Natureza restringem a prática, tornam-na mais difícil e exigente e colocam-lhe entraves difíceis de suplantar.
Por essa razão, hoje, é fundamental agir de forma a proteger e promover esta actividade, zelando para que os seus princípios não se vejam esquecidos ou sejam apenas referidos como um apontamento do passado. A Associação Portuguesa de Falcoaria (a união que representa) é fundamental para o desenvolvimento da Falcoaria nacional. Desenvolvimento que se quer pragmático, em linha com enquadramento social do século em que vivemos, mas também, harmónico com a nossa marca identitária, com o mote com que estamos em campo e que demonstra o nosso romantismo: “a captura de uma presa selvagem com uma ave de presa no seu ambiente natural”.
Para o conseguir temos promover um ambiente favorável à nossa prática. Isto implica agir sobre um determinado número de aspectos, nomeadamente:
- Promover a Falcoaria no relacionado com a caça mas, também, no que respeita à manutenção responsável, treino e saúde das nossas aves demonstrando que o bem-estar das mesmas, as suas necessidades e a beleza do lance são valores máximos da prática;
- Valorizar o imenso património associado à prática da Falcoaria garantindo o seu reconhecimento pela UNESCO, tornando-o conhecido e acessível à sociedade de forma a apresentar a Falcoaria como uma das marcas culturais identitárias de Portugal;
- Ser responsáveis e solidários para com os iniciados, especialmente os mais jovens, no seu processo de iniciação orientando-os nos princípios ancestrais da nossa prática;
- Não esquecer, o imperativo moral que é a conservação das espécies de aves de presa selvagens;
- Num mundo crescentemente interligado, os falcoeiros não podem isolar-se e têm de fazê-lo em conjunto,encontrando formas de organização interna e recorrendo a parcerias com outras instituições ou empresas, cujos objectivos possam concorrer para a construção do futuro da actividade.
A Direcção da APF subscreve estas linhas orientadoras e procurará, de forma empenhada e dentro das suas possibilidades, agir para a sua consecução. Convidamos todos a dar o seu contributo para a construção de uma Falcoaria sustentável e digna em Portugal.
Em nome da Direcção da APF
Pedro Afonso (Presidente da APF)